Domingo, 29 de Agosto de 2004
o meu testamento
Resisti
ao que ergue uma casinha
e diz: estou aqui bem.
Resisti ao que volta para casa
e diz: Deus seja louvado.
Resisti
ao tapete persa das casas aos andares
ao homenzinho do escritório
à firma de importação-exportação
à educação do Estado
ao imposto
e até a mim que vos narro.
Resisti
ao que saúda da tribuna horas
sem fim os desfiles
à beata que reparte
imagens de santos incenso e mirra
e até a mim que vos narro.
Resisti
ainda a todos aqueles a quem chamam grandes
ao presidente do Supremo resisti
às públicas músicas às paradas
a todos os congressos que falabaratam
bebem cafés congressistas conselheiros
a todos os que escrevem arrazoados sobre a época ao
borralho do Inverno
aos votos de adulação às imensas vénias
aos escribas servis para os seus sábios chefes.
Resisti aos serviços de estrangeiros e passaportes
às horríveis bandeiras dos Estados e à diplomacia
às fábricas de material de guerra
aos que chamam lirismo às palavras bonitas aos cantos
marciais
às canções delicodoces com os prantos
à assistência
ao vento
a todos os indiferentes e aos sábios
aos demais que fazem de vossos amigos
e até a mim, mesmo a mim que vos narro
resisti.
Poderemos então talvez seguros seguir para a
Liberdade.
Mikhãlis Katsarós
[Tradução de Manuel ResendeJ
De Amante... a 15 de Setembro de 2004 às 21:41
Lindo, espero que estejas só de férias, felicidades e continua, não te rias se eu te disser que fazes mais pela poesia que o Ministério da Cultura, é a mais pura verdade...
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