Sozinho [Alone] .
Desde a hora primeira não fui
Como os outros foram - não vi
Como os outros viram. - minhas paixões Não pude beber a fonte comum.
Da mesma fonte não retirei
A minha dor; não pude despertar
O meu coração para a alegria de um mesmo tom,
E tudo o que amei, amei sozinho.
Então - na minha infância - no amanhecer
De uma vida tempestuosa - busquei
Das profundezas do bem e do mal
O mistério que ainda me domina:
Da torrente, ou da fontainha,
Do acre penhasco da montanha,
Do sol que ao meu redor gira
Num tom de ouro outonal,
Do relâmpago que no céu
Voando vejo passar,
Do trovão e da tempestade,
tE da nuvem que tomou a forma
(Quando azuis eram os Céus)
De um demónio aos olhos meus.

Edgar Allan Poe
Tradução se Sofia Sampaio