Sábado, 7 de Fevereiro de 2004
MAR
Mar!
E é um aberto poema que ressoa
No búzio do areal...
Ah, quem pudesse ouvi-lo sem mais versos!
Assim puro,
Assim azul,
Assim salgado...
Milagre horizontal
Universal,
Numa palavra só realizado.
Diário XI
Miguel Torga

Meu Deus: aqui onde não chega o teu amor,
É tudo igual
Ao teu gesto de desprezo...
A Vida não tem sentido,
E o próprio sol que nos mandas
Nem regela nem aquece!
Nem a cor da tua força!
Parece1...
Tudo lembra
A inútil persistência
Dum rio a correr pró mar.
O mar nunca fica doce...
(Ah! se o teu amor viesse,
Outro tanto mar que fosse!...)
Assim,
Dizem que não vale a pena...
Apenas luto eu, por ser poeta
E ser teu inimigo desde o berço.
Os outros,
Caídos pelos caminhos,
Nem são homens, nem são nada!
São apenas, cada um,
Aquela tua lastimosa ovelha
Tresmalhada...
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